segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Razão de Viver


Então varandeiros, como eu ia contando, estávamos todos lá no hospital, eufóricos para conhecer o novo membro da família.
No centro cirúrgico tem uma janelinha e quando o bebê vai nascer à enfermeira abre a cortina e todos assistem o parto ao vivo, é uma emoção única. E foi o que ocorreu, assim que vi o João pela primeira vez, com 50 cm e 3.450gr, olhei para a janela e vi mais de vinte pessoas chorando de alegria.
Com certeza o nascimento de um filho é o momento mais feliz da vida.
No dia seguinte a minha irmã chegou logo cedo, eu estava amamentando o João Lucas e falei: “quero olhar os pesinhos dele, ontem eu nem consegui contar os dedinhos para verificar se está tudo certinho”, quando vi o pé direito, ele estava viradinho para dentro, a minha irmã já foi logo dizendo que é normal “ele é grande e estava muito apertado na barriga”, como ela é Médica e nessas horas nós só ouvimos o que queremos, acreditei (depois fiquei sabendo que ela já sabia que havia algo errado).
Em certo momento minha irmã pediu para eu ir até o berçário com ela, sai deixando o João com a Bisa.
No corredor, encontramos um Senhor, que se apresentou como o médico de plantão, informou que o João havia nascido com um abaulamento nas costas, realizaram um ultra-som e encontraram uma grande massa, seria necessário realizar uma Ressonância Magnética para verificar o que é e decidir o que fazer.
Sabe quando você escuta uma história, mas não registra? Foi o que ocorreu, então eu concordei com ele e me virei para voltar ao quarto, após dar dois passos, eu falei “massa é = a tumor!!! E se for um Câncer?!?!!! Nesse momento eu perdi o chão.... Nada mais fazia sentido.... Eu não podia acreditar que o meu bebê, estava gravemente doente, não podia ser.....
Respirei fundo e entrei no quarto, nem ele nem a Bisa poderiam perceber o que estava acontecendo.
Pouco tempo depois, fui informada que o João teria que ficar em Jejum, para poder ser anestesiado, a Ressonância Magnética é um exame demorado e o paciente tem que ficar totalmente imóvel. Teriam que fazer um acesso venoso e para que ele fosse mais bem monitorado, pegaram o meu bebê e levaram para a UTI neonatal.
Simplesmente o mundo virou de pernas para o ar, o momento mais feliz da vida, se transformara em um pesadelo horrível, agora para eu chegar perto do meu filho, eu teria que pegar o elevador, descer dois andares, passar por um segurança que verificaria a minha identidade, pediria autorização para eu entrar, teria que seguir por um corredor enorme, fazer uma higiene rigorosa nas mãos e nos braços, ai sim entrar em um local, que é uma mistura de vários sentimentos, como medo, pavor, angustia, desespero, tensão, ansiedade e acima de tudo muito, mas muito AMOR. Sim, todos os que estão lá, amam, mas amam muito, aquelas “coisinhas” pequenininhas indefesas, corajosas, batalhadoras e vencedoras, só de elas estarem ali e vivas, já são verdadeiras heroínas e o maior dos amores são os delas pela própria vida.
Na hora que eu atravessei aquela porta pela primeira vez, a minha vida se transformou radicalmente, tudo o que antes era importante, agora já não era mais, tudo o que eu havia planejado para o futuro, agora era passado, não existia mais um futuro, existia apenas aquele dia, e se Deus quiser, mais um dia, mais um e mais um........ Fui vivendo os momentos, sem me preocupar com o futuro, não conseguia entender o que estava acontecendo, só sabia que eu havia prometido para o Lule, que ia ao hospital buscar um irmãozinho para ele e já voltava, mas agora eu não sabia de mais nada.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Pedra de Tropeço



“No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho, tinha uma pedra, no meio do caminho tinha uma pedra.”.
Este é o início de um poema muito conhecidos de Carlos Drumond de Andrade. Pedra no meio do caminho significa obstáculo, dificuldades.
Para os seres humanos, os ditos “normais”, muitas vezes há uma dificuldade enorme de transpor esses obstáculos, imagine para um portador de deficiência física como fica muito mais complicado?!
As tais “pedras” (situações), quando se tornam um elemento mineral físico (isso mesmo, pedra, cascalho) no meio do caminho, tem algumas serventias básicas tais como: tropeçar, arrancar a unha do pé (uhiiii.. isso dói!), dificultar trafegar com a cadeira de rodas, etc.
Certa vez, apareceu uma pedra dessas pedras em meu caminho, digo, em meu caminho e de meu pai. Nós trabalhávamos em uma oficina mecânica (eu, como auxiliar de escritório e meu pai, na compra e reposição de peças para os carros). Como morávamos próximo, todos os dias, vínhamos almoçar em casa e descansar um bucadinho.
Na hora que retornamos do almoço só havia uma vaga, para estacionar nossa ximbica, entre os outros carros. Por mais que ficasse pertinho do outro carro, o lado do motorista, do meu lado continuava apertadinho para abrir a porta e me posicionar na cadeira. (esse trata aqui só sai do carro carregado)
Cadeira posicionada na traseira do carro, pois o corredor era apertado de mais, meu pai abriu a porta e o espaço diminuiu mais ainda para sair (sabe quando você sabe que vai passar por um parto, pois é, esse era com fórceps para complicar). O veinho me agarrou com cuidado, me puxou para si e saiu naquele esfrega-esfrega (na porta, na coluna, no vidro...). Andando de lado, pois de frente nem em sonho, nesse momento, eis que surge ela... Quem? Quem? Quem? A Pedra!
Meu pai foi dar mais um passo para o lado e enroscou o solado do sapato em uma pedra. O desequilíbrio foi fatal. Tentou se equilibrar, se escorou, mas não havia como e a queda era iminente. Virou as costas para me proteger, não me soltou em momento algum, e se deixou cair comigo por cima dele (já imaginaram meus olhos arregalados, não é??? ).
Lá estávamos nós dois deitados no chão, eu por cima dele, prendendo seus braços e sobre o peito dele (se você imaginou uma tartaruga esperneando, acertou... rss). Meu peso não deixava ele se mover ou se levantar. Esperneou, e nada! Pedi para que me ergue-se um pouco para fazer com que eu caí-se atrás de sua cabeça. (Gente, não havia ninguém na rua para dar uma ajuda ou se acabar de rir da cena, ainda bem... rss).
Ele conseguiu se levantar, me pegou do chão e posicionou na cadeira. Fizemos um breve exame que revelou não ter acontecido absolutamente nada em nós dois. Passado o susto, fomos trabalhar um pouco trêmulos, mas fomos. Depois eram só risadas ao relembrar a cena.
Não importa quantas pedras se colocarem em seu caminho e você tropeçar. Dificuldades e tribulações sempre aparecerão no decorrer de nossas vidas, mas tome sempre a atitude de levantar-se, bater a poeira, erguer a cabeça e seguir enfrente. Transforme as pedras em caminhos para ser uma pessoa melhor, amadurecida! ABRAÇO PARA TODOS.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Quando caiu a ficha...


Lembro que depois disso tudo eu acordei em um quarto de hospital...

Estava escuro, mas percebia que estava claro o dia lá fora, as cortinas não me deixavam ver a claridade, mas mal sabia eu que aquilo não seria nada. Daquele momento em diante, minha vida mudaria drasticamente. É. Eu não voltaria mais a andar.

Isso tudo me faz lembrar um momento em que uma enfermeira adentrava em meu quarto. E eu perguntei a ela onde ficava o banheiro porque queria ir até lá. Ela me respondeu que não poderia me deixar ir e que eu teria de fazer na cama. Eu retrucava: "não, eu quero ir até lá, eu consigo!!!" ... Eu tentava de todo jeito levantar e as pernas não respondiam mais. Nossa, como meu corpo estava pesado!!!

Foi então que comecei a pedir ajuda pra ela: “Vem cá! Me ajuda a levantar para eu ir ao banheiro??!!!” ... Depois de tanto insistir que conseguiria utilizar o vazo sanitário, eles me ajudaram e me colocaram numa cadeira e lá fui eu pro banheiro, mas para minha frustração, vi que também não conseguia evacuar, era uma força em vão, não sentia mais, imagina só que pesadelo???? Foi aí que percebi que, além de não poder mais andar, que haveriam mais mudanças em meu corpo =/

É! A verdade é que naquele momento a ficha caiu para mim, o problema nas pernas, aquela sonda vesical no meu pênis, os cortes feitos na minha barriga inteira devido à cirurgia, o dreno que não parava de sangrar, constipado, enfim... “literalmente fud.." Estar naquele quarto frio de um hospital, sem conseguir ver a claridade, não seria nada diante do tudo que eu estava prestes a enfrentar...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Um Dia no Parque


Desde quando me conheço por gente (e olhe que isso faz muito tempo), sempre estive envolvido em algum grupo. Fui do grupo de coroinhas (igreja católica), arranhava violão com outros meninos no seminário, fiz parte do grupo de jovens da igreja evangélica (sim, aceitei a Cristo como meu único e suficiente Salvador), e onde quer que fossem, esses jovens iam (empurravam, erguiam, balançavam... ôhh Jesus me acode), me incluíam sem preconceito ou discriminação. Aliás, essa galera não tem nada de chata ou quadrada. Foi um tempo muito agitado em minha vida e feliz!
Certo final de semana foi marcado um passeio a um parque aquático, com tudo que tínhamos direito (piscina, cavalo, pesque e pague, etc...). Demos muita sorte, pois deu um fim de semana, de sol, maravilhoso. Eu, todo faceiro da vida, peguei minha bóia, de pneu de fusca (hehehe, pois é, não é), bomba, um calção de banho, coloquei tudo na minha malinha e fui me encontrar com eles, enfrente à igreja, de onde sairíamos todos em um ônibus. (já notaram que encaro de boa, a lotação popular... RSS).
Nem precisei sair da cadeira de rodas, me ergueram com tudo e, mirando a porta do buzão, me colocaram lá dentro. (pensa em um cara de olhos arregalados??? Agora duplica isso... Eu mermo... RSS). Uma oração antes de sairmos, básico (eu já orava antes de me erguerem lá fora... RSS). Amém, amém... Borá nóis povo.. (pópópópó, bummm... esse era o ônibus... rss)
Se há uma coisa da qual eu gosto é água. A primeira coisa que fiz ao chegarmos foi ficar junto da piscina. Ainda era cedo, um vento frio me desencorajava a entrar, mas fiquei de trololó com uma amiga (Adriani) e tomando um banho de sol.
Almoçamos e minha amiga saiu um pouco, foi sondar o parque. Logo após, volta ela, já destravando minha cadeira, toda ágil. Olhei aquilo tudo, sem entender nada e perguntei onde estava me levando. A resposta foi curta, simples e rápida: “Vamos andar de pedalinho no lago”. (Vocês já viram meus olhos arregalados, não é? Agora dobra!). Você está doida? Como? Vamos cair no lago! Ela parou junto ao deque e me disse calmamente: “Vamos te amarar, no banco do pedalinho, com a faixa que você usa na cintura”! (devido aos espasmos, em meu quadril, eu usava esta faixa, com velcro, para me manter preso á cadeira, sem o perigo de me arremessar para fora dela com um espasmo). Olhei para os barquinhos na água, analisei bem, e disse que o velcro não suportaria, nem teria tamanho suficiente para pegar o banco também, massssss... (ela doida e eu doido e meio) ache uma corda que já resolvo isso. Ela sorriu e saiu na disparada, em 10 minutos voltou com uma corda em uma das mãos e um dos rapazes para ajudar no preparo. Puxaram o pedalinho fora da água, me amarraram e fomos para a água. (detalhe, o parque inteiro parou para ver... rss). Navegamos tranquilamente.
Eu estava contente? Simmm! Satisfeito? Nãooo! Por quê??? Na piscina tinha um tobo-água... rsss... Boiei na piscina um pouco e arranjei dois comparsas e arrumamos um jeito, muito doido, para subir 3 lances de escada a quase 90º. Quinze metros acima! Saímos por um buraco minúsculo, me colocaram de pé para poderem me posicionar corretamente e escorregar sentado. De pé eu era mais alto que meu amigo. Olhei o parque de cima (todo parado de novo, me observando... RSS). Nesse momento me arrepiei, pois uma senhora me olhava lá de baixo, e eu a olhava lá de cima. Fui posicionado no tubo, meu amigo sentou-se atrás de mim e descemos aos berros... Só ouvia o barulho da água em meus ouvidos, respiração trancada. Senti que me ergueram e pude respirar novamente. O parque explodiu em aplausos, colocaram a bóia em mim novamente e fiquei boiando um pouco mais, sorrindo, satisfeito. Fo muito bom, bom, bom, bommmmmmm!
Relatei isso para meu amigo Eduardo (tretra também), isso me rendeu o apelido de kamikaze até o dia de hoje (Abraços meu amigo!). DIVIRTAM-SE CRIANÇAS!!!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

"a vida como um filme em poucos minutos"


Ao lembrar de tudo isso me vêm muitas coisas à mente. Já pararam pra pensar como reage a cabeça da gente quando se está bem próximo da morte? Acho que cheguei lá, não sei, mas me veio rapidamente, em questões de segundos, um filme... imaginem comigo...
Eu, olhando para o nada, caído num chão frio num dia de muito calor e, de repente, surge uma visão de tudo que já tinha feito nessa vida até aqueles - "apenas" - 15 anos de idade. Pessoas, fases da minha vida, as felicidades, as tristezas, minha família... Noooossa!!! Parecia como um rolo de filme antigo, mas não era uma visão minha. Era como se fosse uma outra pessoa me vigiando, sei lá me analisando, e registrando tudo. E, nesse meu momento, como um flash, rolavam-se as fotos muito rapidamente e, apesar de meus olhos estarem diante de outras coisas, (pessoas ao meu redor, muita gritaria) minha cabeça, por alguns instantes, me fazia enxergar só aquilo e eu analisava todas essas imagens.
É estranho tudo isso. Não sei como, num momento como esse, onde o corpo desfalece, a mente vai a mil dessa maneira. Lembro que, naquele momento, o que me veio à cabeça foi de pedir mais uma chance pra viver, então fiz isso. Pedi a Deus pra que me desse uma outra chance e que me deixasse viver.
É... ele aceitou o que naquele momento seria o meu "ultimo pedido". =]

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nós É Que Fazemos A Nossa Felicidade!

Alguns acontecimentos na semana passada me fizeram auto-analisar minha vida novamente! Tenho certeza que não é por acaso que cruzamos com alguém, que nos encontramos... Se Deus nos colocou um a frente do outro, alguma razão existia, mas também sei que não podemos deixar tudo na mão Dele, temos que fazer a nossa parte.
Como sempre falo, nós fazemos a nossa hora. Tenho alguns exemplos disso vivido bem próximo de mim. Como a minha irmã, por exemplo, esperaram anos pra ter a minha sobrinha, para que ela viesse em melhor momento, onde eles estariam melhor financeiramente. E qdo já estavam às esperas dela, veio à pior fase financeira da vida deles. E eu que acabei por ter a minha filha em fase que nem se quer foi planejada, consegui junto do pai dela, mesmo nos apertando, dar muita coisa a ela. E sem esperar tanto tempo, programamos nosso segundo filho. Educamos os dois da mesma forma, sem nos preocupar se tudo estava perfeito para a vinda deles, pois amor e carinho sempre receberam, e isso não tem preço e é de graça!
Outro caso de uns amigos que também esperaram o melhor momento para terem seu filho, mas quando acharam o melhor momento, ela estava doente, com lúpus, sendo assim tiveram que descartar a hipótese da vinda de seu filhote.
Como muitos outros casos onde a vida de amigos já estava pronta, apenas para desfrutar da felicidade... Mas que acabou sendo interrompida, pela desgraça de um câncer ou por acidente de carro. E fazer o que a frente de uma situação dessas!!! Onde quem ficou, perde seu rumo, sem saber que direção tomar. Tendo dali em diante seguir sem a pessoa amada ou seu ente querido que sempre fizeram parte de sua vida! Terão que seguir em frente... Pois a vida continua e essas barreiras terão que romper...
Então isso só vem a afirmar que a nossa vida se transforma de um minuto para o outro. E se quisermos ser felizes, temos nós é que correr atrás dessa felicidade. Rompendo barreiras, arrancando os obstáculos, atravessando oceanos, abrindo mão de algumas coisas... Mas principalmente acreditando! Sim acreditando que você é capaz de fazer a sua felicidade, seja sozinho ou junto de alguém. Acreditando no amor, no próximo, acreditando que a felicidade existe, acreditando em você! E desta forma acreditando na vida! E vivendo ela com a maior intensidade possível! Levando e buscando sempre a felicidade seja onde estiver!

Desta forma eu brindo a vida todos os dias, agradecendo a Deus por ainda ter saúde e por nada grave tê-la interrompido, me dando sempre a chance de correr atrás de minha felicidade, em busca de meus sonhos sempre sonhados, alguns desde criança e que carrego comigo até os dias de hoje! Mas nunca perdendo a esperança de um dia conseguir realizá-los!
Sonhar é bom, é de graça e você pode desfrutá-lo sozinho ou partilhá-lo com alguém... Aí a decisão é toda sua! Eu decidi "SER FELIZ"! Rompendo barreiras e nunca desistindo!
Um beijo imenso, junto de um abraço bem forte de ursa... rsrs
Jéssica

O amor é cego?





O amor pode ser cego para varias coisas, mas também pode ser lente de aumento para tantas outras!!!!
Quando temos cabeça aberta o suficiente para amar o que é “diferente” ao invés de nos limitar, como muitos pensam, pode ser o começo de uma libertação, de descobertas cheias de riquezas que são reluzentes, das quais não tínhamos olhos abertos o suficiente para enxergar essas riquezas que não tem valor em moeda!
Me lembro que no auge da paixão, eu podia estar fazendo o que quer que fosse que sempre via ou uma pessoa cadeirante, via um símbolo de deficiente ou simplesmente estava la gastando as digitais descompromissadamente no controle remoto da TV e pimba, vinha uma reportagem sobre o tema.
Ai eu pensava, nossa esse assunto esta me perseguindo!
Não era nada disso, simplesmente, todas essas pessoas, todos esses símbolos, todas as reportagens e documentários, sempre estiveram em todos os lugares, mas eu não tinha os olhos abertos o suficiente para enxergá-los!
Me lembro que em uma madruga começou a passar um filme na TV e sem muita atenção comecei a ver, e no filme, que aparentemente era bem bobinho, tinha um moço cadeirante, e me lembro que mais uma vez eu pense: Não é possível!!?!?! Kkkkk
E no filme ele começava a namorar uma menina e no decorrer do mesmo tinha uma cena que uma amiga do casal, em um momento em que ele estava distante, perguntava para a namorada dele algo tipo:
- Você não se importa por ele não andar?
A namorada respondeu:
- O queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee ele NÃO anda????????????????????

E nesse momento eu ri muito, porque me vi la no lugar dela!
Quando gostamos uma pessoa que tenha algum problema como uma deficiência física por exemplo, passamos a ver isso de maneira muito natural, claro que não ignoramos os problemas, apenas tratamos como peculiaridades, características das quais não há necessidade de ênfase ou de fazê-las mais importantes do que realmente são!
Ai você me pergunta.... aaaahhhh vai falar que você não se toca que o cara é cadeirante?!?!
Claro que sim, me lembro principalmente, quando acordo a noite e arrebento a canela na danada da cadeira, ai me lembro toda hora que vejo o hematoma na canela! Kkkk
Sacanagens a parte...
Não é preciso estar apaixonado para se colocar no lugar do outro, não é preciso ter os olhos vendados para amar o que lhe parece diferente, é preciso apenas do mínimo de percepção para entender que somos seres totalmente adaptáveis, e que podemos amar e sermos felizes de inúmeras maneiras!
Mas para isso é necessário que tenhamos o coração aberto e mente livre de moldes pré formados por opiniões alheias!
Use a lente de aumento para as coisas que realmente valem ser engrandecidas!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Imagine...

Eu era um adolescente como tantos outros que moram na periferia de SP. Escasso de lazer, de desenvolvimento cultural e muitas outras coisas, mais a violência e tal; e a pobreza era o que mais se via, então, passávamos o tempo nos sujando nos campinhos de barro rss. É eu era um amante do futebol!!! Várias (peladinhas com a molecada), preguiça pra acordar pra estudar eu tinha, mas pra jogar um futebol, contra o time de outro bairro todos os domingos de manhã, necas né?Rs
Nossaaa mas fala aí? Brincar de queimada, de volei no campinho com as menininhas uiii! Imagine também vários carrinhos de rolemã, descendo uma enorme rua, era bom demais kkkk ... Mas a brincadeira mais "Hightech" era jogar vídeo game e fliperamas, hummmm, e nos "botecos". Sinucaaaa também, nossa, era TOP como dizem hoje em dia =) . Era eu descalço, sem camisa, um copo de tubaína a minha Bike na porta do bar, liberdade? sei lá, tava tentando curtir o meu lazer ne?rs ...
Lembro que o meu mal maior nisso tudo, era ser muuuuito namorador e desobediente à minha mãe demais, nossa, que menino levado!!! Outra paixão que eu tinha nessa época era fazer barulho, ou melhor, "Tocar pagode" com os rapazes mais velhos e a 'mulecadinha' ... aprendi a tocar pandeiro muito novo, acho que eu tinha uns 10 anos, aí não parei mais. Conseqüentemente aprenderia outros instrumentos de percussão, quando me vi, já fazia parte de alguns "grupinhos" de pagode de periferia rs...
Certa vez, como sempre, estava eu lá, tocando um pagode, rolando muita brincadeira e até cerveja eu já estava tomando... afff, eu eim? O pior é que hoje tomo de tudo, relacionado a álcool, menos cerveja (risos), mas voltando ao assunto, estava eu lá e onde tem drogas (no caso o álcool), tem violência, certo? Ainda mais num local onde é mais propenso ainda "um Boteco". Não sei de muita coisa, só sei que não vi mais nada, só vi uma discussão é páhhhh (1 tiro) 24/08/1994... cai um moleque de 15 anos, que no caso seria "EU"...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

MUDANÇAS


“Lá vem a noiva, toda de branco...”. é bem possível que vocês conheçam esse início de música. Também devem saber, o mistério, o glamour que envolvem a mulher naturalmente, imagine no dia de seu casamento.
O corpo humano, naturalmente, já tem seus mistérios. Quando passa pela infelicidade de mudanças radicais devido a um trauma medular, pólio, bala perdida ou qualquer outro tipo de infortúnio que altere seu funcionamento, o mistério aumenta. Para os profissionais da saúde? Não, para o ocupante desse corpitchu que Deus lhe deu.
Por que todo essa divagação sobre essas mudanças? Porque eu era uma criança perfeita, até o dia 10/11/1981. Que data é essa? Foi o dia em que eu despenquei subitamente desmaiado, de cima de um pé de caqui e lesei a medula cervical em C5, C6, ou seja, quebrei o pescoço e fiquei tetraplégico. E tudo mudou por fora e por dentro... adeus controle urinário e intestinal.
Mas e a noiva??? Eu fui convidado para ser um dos padrinhos, junto com minha irmã, no casório de um primo meu. Fiquei todo faceiro, sorriso de orelha a orelha.
Chegou a sexta feira, tomei meu remedinho laxante, como sempre fiz, e na hora do vamos ver... nada! Horas a fio na moita e... nada. Eu queria me livrar daquele alien, mas sempre rola o Day Afther (dia seguinte).
Sábado, fui cortar o cabelo, fazer barba e mais uma tentativa (só faltei usar pé de cabra)... juro que me frustrei nesse dia, mas não teve como exorcizar aquele mal que habitava em mim. Fazer o que, não é meu povo, se não vem, não vem. Fui para o banho, meu pai me trocou. Comprei um traje chique de calças, camisa. (Até gravata e blaser eu usei)
Uma tarde abafada de sábado, sol, um forno. Atrasado, para variar, passei para a cadeira, me aprumei, subiram as escadas, de costas, comigo sentado na cadeira (igreja acessibilidade zero, básico). Cadeira no chão de novo, minha pressão caiu, um leve desmaio, ninguém percebeu (eu estava sentado mesmo... rss). Quando dei por mim, estava junto dos outros padrinhos. Exatamente, perdi a enrada dos padrinhos... buhaaaa.
Bateu um relaxamento geral em mim, calor dentro da igreja, o padre (sóbrio e sem balões), só no blablabla. De repente senti um arrepio correr o meu corpo, um barulho bem conhecido se fez ouvir abaixo de minha cintura e um aroma típico encheu o ambiente (que cagada, não creio nisso, não creio... tentei me convencer), mas o odor não me deixava abstrair nada... Minha irmã chegou perto de meu ouvido e perguntou se... respondo que sim, para fazer cara de paisagem (eu era um girasol, de tão amarelo... rss). Sorte minha que haviam muitas crianças na igreja. Mal consegui ver a noiva, de tão desesperado para ir embora.
Amém, noivos saíram, padrinhos também (eu fui o último... rss). Tiramos a foto, sorriso amarelo, voltei para o carro e para casa. O traje de PT (Perca Total... rss), mas não dixei me abalar, mantive a pose e a dignidade (ou o q restou dela... RSS).
Não importa o que mude, ou o quanto, o nosso corpo. A cada dia, descobriremos algo novo, uma nova sensação, desconforto, prazer. O importante é sempre saber lidar com isso, driblar esses infortúnios, encarando da forma mais sul realista que pudermos (salve Salvado Dalli), afinal, fazemos cagadas muito piores em toda a nossa vida que não exalam odores, mas todo mundo vê e aponta... foi ele!
Depois de um banho bem demorado, com criolina, fui para a festa. rss

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Estréias



Estamos sempre procurando estréias em nossas vidas, o primeiro beijo, o primeiro sutiã, primeiro dia de aula, primeiro telefonema no dia do aniversario, o primeiro salário, a primeira viagem só com os amigos, entre todas as inúmeras estréias que podemos ter o ao longo de nossas vidas, bom mesmo é a estréia no amor, essa sempre vem de formas tão inusitadas e tão distinta umas das outras, mesmo existindo inúmeras formas de amar!
Estréias vêm sempre com aquela ansiedade do novo, com coração fora do compasso normal, mundo das descobertas é sempre algo mágico, mesmo uma pessoa estando 100 anos de idade ainda se encontrar “saltitante” como uma criança de 5 anos ao fazer uma simples descoberta.
E cheia de paixão e saltitante foi a minha descoberta nesse “mundo” de pessoas que tem uma condição física, visual, auditiva, sensorial diferentes dos “padrões”.
Opa!!! Eu disse padrão!?!?
Aaaahhh... so esqueci de dizer que eu também não sou um “padrão”!!! Bem, mas isso vou deixar para logo mais...
Hoje apenas estou puxando a cadeira nessa varanda de bons ventos, esses bons ventos que me trouxeram até aqui para contar um pouco do que o “Google” não me contou ao viver uma paixão nesse mundo de “diferentes”, tão diferentes que olhados de perto são iguaizinhos a todo mundo, afinal diferentes somos todos!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Na Montanha Russa da vida


Queridos varandeiros, me pediram para contar um pouco da minha história, acreditam que a experiência que eu vivi, possa ajudar de alguma forma as pessoas que estão vivendo nesse momento uma experiência parecida, então resolvi me aventurar nesse mundo das letras que confesso ser um pouco assustador.
Como alguns já sabem, sou Mãe do João Lucas, cadeirante de 06 anos, será essa parte da minha vida que eu tentarei compartilhar com vocês.
No início de 2002, eu engravidei, já tinha o Luiz Alexandre na época com 02 anos, queria muito mais um filho então a notícia foi recebida com festa por toda a família, porém quando eu ia completar três meses de gestação fui fazer uma Ultra-sonografia e descobri que o coração do Bebê havia parado, foi um choque, fiquei inconformada, ficava questionando o que eu poderia ter feito para acontecer isso, de uma forma ou de outra eu me sentia culpada, achava que tinha feito algo de errado ou que estava sendo punida, todos falavam “Se o bebê não vingou é porque tinha algum problema”, “Deus sabe o que faz”, “ele tinha problema e iria sofrer se nascesse”, blá blá blá blá ...... Todas as mulheres quando engravidam, sonham em ter um filho “normal”, então acabei engolindo todos esses discursos, enfim temos que nos conformar.
Após três meses eu estava grávida novamente foi uma alegria enorme, mas não contei para ninguém, lá no fundo ainda batia aquela insegurança de perder novamente o meu bebê, aguardei o Ultra-som do terceiro mês de gestação e só após a confirmação que o bebê estava bem eu contei para toda a família, alegria geral e o melhor só faltavam seis meses para o nascimento, conforme a barriga ia crescendo ia diminuindo a insegurança e aumentando a alegria, o Luiz era uma alegria só, contava para todos os amiguinhos que ia ganhar um irmãozinho o João Lucas. Eu adoro estar grávida, curtir a barriga... passei muito bem toda a gestação, fiz ultra-som 3D colorido e andava com a “fotinho” na carteira para mostrar para quem quisesse ver.
No dia do Chá de Bebê, na hora que acordei, percebi que havia esquecido de comprar as lembrancinhas, corri para uma loja, estava lá tranqüila conversando com a vendedora quando senti a primeira contração, foi muito engraçado a vendedora parecia o Pai histérico “ai meu Deus, não vai nascer agora!!! Vai?” Para sorte dela o Bebê não nasceu no meio da loja..., fiquei um pouco nervosa, ele não poderia nascer antes da festa, já estava tudo arrumado, os convidados iam começar a chegar, então fui ao cabeleireiro e quando cheguei em casa liguei para a médica, “fica calma quando estiver sentindo contração de 10 em 10 minutos vai para o hospital”, certo!! “Estava tudo bem!” Então dei continuidade ao Chá de Bebê, recebi os convidados, abri os presentes com todas as brincadeiras de praxe, ficando sem ar durante uma contração e outra, a mulherada toda querendo sentir a barriga ficar dura e eu querendo respirar... fiquei a festa toda em Jejum total até de água, para poder tomar anestesia. Chegou uma hora que não dava mais, o João ia nascer, então fomos TODOS felizes para o hospital, os amigos, as geladeiras térmicas de cerveja e a garrafa de Whisky, uma farofada total.
Por hoje é só, a final isso é um blog e não um livro, rsrs. Volto para contar mais outro dia. Bjs.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Vamos prosear em nossa varanda???

Encarar e superar as dificuldades, impostas pelas adversidades da vida de frente, faz um bem imenso, não é? Nos causa uma sensação de: “eu posso fazer, posso vencer, ultrapassar os limites impostos por quem nada compreende e só me vê como um coitadinho”.
Nesse feriado de finados, eu resolvi me aventurar. Entrei em contato com um povo, menos ou tão doido como eu, que mora no litoral, cerca de 110 km de Curitiba, e marcamos de passar o feriado de finados juntos. Afinal, finado é quem já bateu a cassuleta (morreu), eu to vivinho. RSS
Comprei as passagem de ônibus e, sem acompanhante, para desespero de meu pai (ele afirma que sou doido e eu confirmo.. rss), desci para o litoral.
Devo confessar que foi quase um parto, para entrar no ônibus. Porta apertada, uma curva interna ainda pior. Quase bati a mão no rosto de uma senhora, que estava sentada na poltrona ao lado, e nem se moveu. Sentei na poltrona, coloquei o cinto e “vambora mulequi” morro abaixo.
Na chegada, a galerinha me esperava na rodoviária, onde havíamos marcado.
O pessoal da empresa, entrou no ônibus com uma cadeirinha estreita, estilo as de embarque em aviões, que passa pelo corredor. Mais alta que meu assento, pontos de cinto de segurança muito difíceis e que não prendiam meu quadril. Foi mais um parto para sair do buzão.(de parto em parto, um dia eu renasço... rss)
Para mim, esse tipo de aventura sempre complica um pouquinho mais, pois sou tetraplégico, cheio dos espasmos, não paro sentado em cadeiras normais e sem cinto de segurança. (Ôhhh homem difícil)
Os amigos se revezaram no auxiliou de tudo que foi necessário (alimento, passeio, troca de roupa, sorvete) . Tomei banho deitado no chão do banheiro, atolei as rodas da cadeira na areia fofa, e consegui tirei aquele tom esverdeado dos curitibanos (devido a falta de pegar um sol básico RSS), detalhe... no primeiro dia, fui para a praia com as talas nas mãos. Sol, bom papo, risadas. Chego em casa no final da tarde, para um merecido banho, pedi para retirarem as talas. Quando abriram o velcro, eu parecia uma zebra pois, o sol não bronzeou abaixo deles (Como sou esperto... afff), fiz o concerto no segundo dia de sol, mas as marcas anda persistem.
Apesar desses detalhes de falta de adaptações, dificuldades, perrengues que possamos passar, o mais importante é mostrar que queremos e podemos nos divertir, passear, namorar, viver como qualquer ser humano.