quarta-feira, 17 de março de 2010

A inclusão começa pela acessibilidade... "ir e vir", entende?



Quando se pensa em pessoas com uma limitação física como a minha (que perdi o movimento das pernas por lesão)”, a primeira coisa que nos vêm à mente é que a sua maior necessidade é cadeira de rodas, pra se locomover e se tornar menos dependente, certo? Certo!!


Mas não paramos por ai, não somos só isso. É fato que nós os “Cadeirantes” possuímos essa peculiaridade de depender da cadeira, afinal não podemos andar com nossas pernas não é mesmo? ...mas apesar de “não andar” nós temos sim, as vontades, e os desejos como todo mundo os tem, de estudar, trabalhar, namorar, de ir a um parque, freqüentar praias, ir pra balada, papear com a galera em barzinhos, visitar os amigos que moram longe, ir á shoppings e entre taaaaanntos outros!!!


Sim, mas a grande verdade é que o cadeirante pra realizar tudo isso, precisa sair de casa, certo? Então, ao tentar sair de casa, e é preciso ter “coragem”, principalmente aos finais de semana, ele (o Cadeirudo) tem de ter uma paciência enorme, eu particularmente já me vi a ficar horas em um ponto de ônibus, conseqüentemente é claro que já me vi chegando muuuuitas horas atrasadas aos meus compromissos, puramente por ser o tal “cadeirante” . Mas cadê os ônibus que tanto falam? O Fato é que, na cidade onde moro (SP) tá um verdadeiro caos, o transporte público não funciona, os ônibus estão sempre lotados e pelo que se vê isso vai demorar e muito pra melhorar .


Agora imagina um cadeirante tentando entrar ou sair de um ônibus nesse estado de super lotação? E em horário de pico que piora ainda mais?Difícil né? Mas mesmo assim de “vez em sempre” estamos dentro de um deles, com a tal da “coragem” :P

Além dessa paciência que a gente precisa ter, é preciso calma, mas como vamos nos acalmar quando estamos à uma hora em um ponto de ônibus sendo que já poderíamos estar no destino senão fosse tamanho o descaso com essa falta de ônibus acessível, ou super lotados.


Mudando um pouco, mas dentro dessa questão...

Eu já me vi também muitas vezes também pedindo ajuda pra subir uma calçada ou alguns degraus pra se entrar em algum local, todo mundo sabe que a falta de acessibilidade é uma das questões que afugenta e muito os cadeirantes de sair de casa, coisas do tipo;

- Vamos pra o lugar tal? E você responder, como é a questão de acesso lá, é suave para cadeirantes? “Não” !

- Ah então não vou, vou ficar em casa mesmo!

Chato né?


Mas, deve ser por isso que essa “tal” inclusão esta vindo a passos lentos, tentam fazer algo relacionado, mas não preenchem os requisitos mínimos que são os de ir e vir pra “todos”, nos dão vagas de empregos, mas nos dão um programa de transporte nomeado de “ATENDE” que não consegue atender a necessidade da grande maioria dos portadores de deficiência, pois são poucas vans e é muito grande a fila de espera, então, “vam’bora” enfrentar a humilhação, da grande maioria das “pessoas”, ir e voltar do trabalho, dos passeios, dentro de ônibus superlotados” c/ a cadeira e tudo, “Pessoal aperta aí que eu quero entrar!”


Eles até que tentam, nos dão desconto pra comprar carros 0 km mas peraí, como assim “carro 0km?” que tal desconto é esse? Quantos % da população de cadeirantes no Brasil possui renda pra comprar um carro 0 km? Isso é tão incoerente que chega a ser insana, pois o desconto é ofertado pelo governo certo?!?!

Será que esse mesmo governo não fez uma “pesquisa de mercado” e viu em seu banco de dados que um numero expressivo de deficientes que constam lá não tem renda que de para comprar nem um carrinho de plástico na feira, quem dirá um carro de verdade e 0 km!! Porque eles não ajudam a começar no sentido de optarmos por um carro usado?


Como nada é impossível, conversando com cadeirantes que conseguiram essa façanha, a frase típica que se ouve é :

“Cara, eu sou outro após a aquisição desse carro, facilita e muito pra mim, hoje faço de tudo, vou pra qualquer lugar!”

Enfim, a cadeira de rodas ela é imprescindível para nós que necessitamos dela para varias atividades, ela é nossa companheira, dependemos dela pra nos levar até os locais, ela é apenas o nosso “passe de liberdade”.


Mas hoje em dia um portador de deficiência está tão aberto ás novas oportunidades, á uma série de atividades que se adaptam a cada dia pra que ele venha a participar de forma a se reabilitar, se incluir também , seja com a pratica do esporte ou ter condição de trabalhar, poder estudar, e isso tudo realmente, nos traz como benefício primordial a saúde física e mental. Pois é bem verdade que as doenças se instalam em quem não se mexe. É como um ciclo, Pessoa + cama + mundo fechado + s/ atividades = cabeça vazia + depressão + não dá fome + não dá sede de água, = corpo fica c/ resistência baixa + vem uma doença aqui outra ali...

Resultado = “tá nas ultimas”


Essa situação se torna diferente quando se tem a oportunidade de se “rodar por aí”, ter uma vida social ativa, buscar responsabilidades, respirar novos ares, isso sim nos dá aquela vontade de viver, nos dá a fome, repomos as energias, saciamos a sede e a fome de viver a todo momento, mas poxa, eu vivo em uma cadeira de rodas? Putz nem percebi =)


A acessibilidade 100% é a chave pra dar inicio a essa tal “inclusão”. Essa barreira sendo quebrada vai fazer com que os deficientes saiam de sua casa, seja pra tomar um café no supermercado, ou fazer compras em shoppings, ir ao parque com a família, almoçar e jantar fora, estudar, trabalhar, enfim, fazer o que todo mundo faz diariamente, coisas simples da vida, mas que fazem uma diferença enorme pra quem se sente excluído.


Acessibilidade, sendo ela a pé, de carro, de ônibus, ou seja lá o tipo de transporte que for, sendo digna já nos é o bastante, precisamos de rampas, calçadas mais bem cuidadas, só assim pra gente poder ir e vir, “rodar por aí” e isso não é luxo, é necessidade!


Enfim, a cadeira de rodas é imprescindível sim, mas a acessibilidade também!!!

8 comentários:

  1. Dri, eu acho que estamos caminhando, devagar, mas tenho fé que chegaremos lá ( por isso lutamos tanto...) enquanto isso, "simbora" dar a cra a tapa e encontrar os amigos, né!!!
    T adorooooooooooooooooooooooo
    Bjus

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  2. Benhê .. Acho que o que vc mais vai ler e ouvir a respeito do que escreveu é que vc esta coberto de razão !!!
    Muitas vezes, até o preconceito das pessoas ditas "normais" para conosco se dá pq elas não nos veem .. Acham que somos anti sociais, quando na verdade, o mundo em que vivemos nos torna anti socias, qdo nos limita essa necessidade de ir e vir .. ! .. Ai, vc se estressa na rua, fica de cara meio fechada por tdo perrengue que ja passou pra chegar aonde quer ir e as pessoas acham que somos infelizes por estar deficientes, e não pelo sistema ser ineficiente !!!
    A questão é que ninguem atualmente tem condições dignas de sair de suas casas, seja nos transportes publicos, seja com seu carro, pq pega um trânsito infernal .. E como melhora para nós, se não melhora pra ninguem?!
    Froid ..

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  3. Dri ...tuas paralvras ja dizem tudo ...
    A vida nao é facil p ninguem nao é mesmo ?! Mas desistir nunca , jamais !!!!
    Keria ter o poder de mudar tudo isso ... Pois o mundo esta perdendo a chance de conhecer e aprender com pessoas marvilhosas como voce .
    gde bj .
    N.

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  4. Dri...
    A última coisa que pode acontecer é as pessoas se acomodarem e achar, que não tem jeito, que é assim mesmo e ponto final.
    Nunca!!!!! As coisas só acontecem quando se pôe a boca no trombone e é o que temos que fazer.
    Acredito que lá fora aconteceu da mesma maneira, só que os portadores de deficiencia eram heróis de guerra e aqui vcs são heróis DA GUERRA diária!!!!

    Parabéns, põe a boca no trombone e vamos passar adiante, para que o movimento cresça e apareça.

    Precisamos mais do que nunca de ATITUDES como a sua!!!

    Bjs

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  5. Dri...
    Leia o site abaixo até parece que ele leu o blog....
    http://www.vidamaislivre.com.br/colunas/coluna.php?id=485&/enrique_dias

    Bjs

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  6. Oi Adriano, td bem?
    Achei seu blog mto interessante. Não sou cadeirante nem tenho deficiencia fisica alguma, mas convivo com minha mae q tem dificuldade de locomoçao e sei o qto sofremos com calçadas esburacadas, lugares sem rampa - inclusive nosso predio, q n tem rampa na entrada! - ou qd tem rampa, o corrimão ta ferrado, o q atrabalha tb... enfim.
    Aki em Vitória (ES), desde o ano passado, começaram a circular os ônibus adaptados pra receber cadeirantes e cães-guias, mas os onibus tb andam tao lotados q sempre me pergunto: "E se surgir um daficientia, vai entrar por onde, se até a porta está ocupada? E mesmo q entre, vai sentar aonde, no colo d alguem e por a cadeira no teto?"
    Outra cosia q me revolta e q n eh dificil d c ver, eh calçadas sem rampa! gente, em q planeta essas prefeituras vivem, q n colocam rampas em TODAS as calçadas? Sinceridade, viu... Fora as calçadas irregulares! Se a gente andando ja tropeça, imagina uma cadeira tombar?
    Sinceramente...
    Bom, enfim.
    Parabens pelo blog! mto bom mesmo!
    Qd der, passe no meu.
    bjus

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  7. Bom dri essa é a quetão chave msm acessibilidade...
    Indo com vc pra ong podemos perceber o quanto foi cansativo, desgastante o trajeto q fizemos e sem contar que chegamos atrasados, tudo pq?
    Por falta de acesso pois se houvesse essa tal de acessibilidade não teriamos nos atrasados tanto e sem nos cansar tanto não é?
    Mas tenho fé de que vamos chegar lá um dia e enquando isso não acontece vc sabe que pode contar comigo sempre néh.
    Afinal amigos são pra isso bjs e não desanime viu te adoro.

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  8. Nessa "brincadeira" toda de luta por acessibilidade me sinto privilegiado nesse momento pois, moro em Curitiba - PR, temos um sistema de transporte público exemplar. Temos os onibus biarticulados, o ligeirinho e os adaptados comuns. Aqui não preciso ficarhrs a espera de um deles pois, passam religiosamente a cada 10 a 15 minutos...no máximo
    A prefeitura ainda peca em relação às guias rebaixadas, calçadas cheias de buracos (isso qdo existe uma em que se possa passar por ela, principalmente nos bairos) ou feitas com paralelepípedos (chacoalha todo a estrutura da cadeira e seu ocupante... Não tem calçada? Simbora, na rua mesmo... e corre o risco de ser atropelado, mas se for p/ ter medo, melhor não têlo, se não, fica em casa... NEMMM A PAU, JUVENAL!
    Mesmo com N problemas, ainda por resolver, a cada dia aumenta o numero de cadeirantes nas ruas... já entramos em 3 em um onibus.. rsss... congestionamento geral... rsss
    Vamos lá... a cara tá esposta nas ruas... mas se bater, tbm leva... na mesma medida!
    Vlw Dri... coragem companheiro... HEROI DA RESISTENCIA! rss

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